segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Uma página

Antônio de Freitas Machado
Nasceu em Pão de Açúcar a 3 de maio de 1895. Era filho do Coronel Miguel de Freitas Machado e de D. Cândida Delfina de Andrade Freitas.
Foi um dos maiores educadores da nossa terra, tendo sido fundador e Diretor do Ginásio D. Antônio Brandão, do Colégio Normal Monsenhor Freitas e do Curso de Contabilidade, que formaram várias gerações de moços pãodeaçucarenses.
Foi vereador em várias legislaturas, tendo sido Presidente da Câmara e assumido o cargo de Prefeito nos períodos de 27 de novembro de 1952 a 23 de fevereiro de 1953 e 17 de junho de 1953 a 7 de setembro de 1954. Como escritor utilizava o pseudônimo VINICIUS LIGIANUS.
Faleceu em 1º de agosto de 1970.
Abaixo, transcrevemos fragmento do texto "Mãe serteneja", de sua autoria.

MÃE SERTANEJA
(Quadro das grandes secas nordestinas)

Dorme, dorme meu filhinho
Que tua mãe vai à fonte...
Numa rede velha e suja,
Choraminga o garotinho.
Em casa, como nos campos,
Nem pão, nem água...
A seca devorou tudo! ...
E tudo morre de fome,
E tudo morre de sede.
E, como secou a fonte,
Secou o seio materno.
A seca devorou tudo! ...
A criancinha tem febre,
Tem os lábios ressequidos
E apenas diz, suplicante:
Uma aguinha, tenho sede!
Mãezinha, tenho sede!
E a mater dolorosa
Não tem água, nem tem leite.

A seca devorou tudo! ...
Para adormecer o filho,
Canta, chorando de dor.
Dorme, dorme anjinho,
Que tua mãe vai à fonte...
Mas a criança não dorme:
Uma aguinha, tenho sede!
Mãezinha, tenho sede!
Mas, em casa não há água
Nem na casa, nem na fonte...
E a pobre mãe, desolada,
Na tua imensa aflição,
Com a faca de cortar fumo,
Rasga o pulso!
O sangue jorra.
Dá ao filho pra beber!
.......................................................
E agora a criança dorme...
Dorme a criança, tranqüila,
O sono de algumas horas! ...
Dorme a mãezinha, tranqüila,
O sono da eternidade.
(in PÃO DE AÇÚCAR - CEM ANOS DE POESIA, Etevaldo Amorim - 1999 )

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